Tio Celso ensina: Como ser um MC de sucesso!

Bom dia Amiguinhos!

Não prometo que este seja meu retorno às atividades bloguísticas [/fazer o neólogo é vida], mas decidi abrir uma nova seção enquanto as pérolas deste ano ainda não estão organizadas. O foco principal desta seção é ensinar em passos práticos e simples como fazer de modo eficiente alguma coisa aleatória.
O tema escolhido em votação aberta pela unanimidade de 1 voto foi: "Como se tornar um(a) funkeiro(a) de muito zuzezzo".

Para início de conversa, desejo explicitar e registrar que não tenho nada contra funkeiros e (confesso) até gosto um pouco de funk.
[onde já se viu um flautista clássico que se preze gostar de funk?] :$ [/Quem disse que eu sou um flautista que se preze?]
Quer dizer: este é um artigo amigável com a única intenção de divertir (pelo menos a mim).

O funk carioca é um ritmo derivado do funk americano dos anos 80, que vinha do charme, e era mais parecido com o que hoje chamamos de funk melody (funks com melodias mais marcantes e letras que normalmente falam sobre amor e esse ipo de coisa). Com o tempo, a devassidão de alguns (leia-se muito, ou quase todos) cidadãos brasileiros, o funk começou a englobar letras consideradas mais obscenas, surgindo o chamado "proibidão", que de proibido, na verdade, não tem nada. (Sim, se for da sua vontade, você pode ouvir aquele funk com o máximo de vocábulos vulgares e letras que incitam o ato sexual no último volume. Se não me engano o problema mesmo com proibições é referente a músicas que fazem apologia ao uso e ao tráfico de drogas.

Agora vamos direto ao assunto: Como me tornar um MC de sucesso?

1º passo: Escolha das influências.

Como em qualquer carreira musical você deve escolher suas influências. Por exemplo: aspirantes a guitarristas têm Freddie Mercury; aspirantes a divas têm Mariah Carey e Celine Dion; aspirantes a rainhas do pop têm Madonna e Britney Spears; aspirantes a sucesso por serem esdrúxulos têm Tiririca, Wando, Reginaldo Rossi, Falcão (e assim sucessivamente); e aspirantes a pessoas frescas sem muito talento, mas ricas e que querem porque querem ser consagradas em algum ramo artístico (que não o pornô) famosas têm Paris Hilton e Nicole Richie.
No caso do funk você pode escolher qualquer um. Mas é sempre bom dar uma olhadinha no Google procurando por algum funkeiro "da antiga" e/ou consagrado.



2º passo: Inspiração.

Para um músico, tudo, ou quase tudo serve de inspiração, inclusive a própria música. De qualquer forma, é claro que cada estilo musical tem uma gama de clichês inesgotáveis temas frequentes. A bem da verdade, o funk não foge à essa regra. No funk, os tema mais abordados são o amor, a sexualidade explícita e exacerbada, o uso de entorpecentes e a adesão a gangues grupos que possuem alianças e rivalidades entre si (ver abaixo). Mas, se você quiser, sua inspiração também pode ser aleatória, como por exemplo a individualidade a que cada pessoa se reserva, em "ado a-ado/cada um no seu quadrado", meios de transporte (quem não se lembra da "dança da motinha"), sadomasoquismo agressão doméstica em "Dói, um tapinha não dói" ou até a balança comercial no mercado de doces industrializados, como em "Bubbaloo é 25/e bolete é 3 por 10"



3º passo: Composição.

Não se preocupe muito com a melodia. Funk se dança e se curte de acordo com a batida. Então é só colocar vários tambores se esguelando ao fundo da música que os mais assanhados tiram até a roupa.



4º passo: A letra.

Esta é uma parte importantíssima. A letra de um funk, normalmente é feita através de rimas não necessariamente inteligentes. Trata de assuntos polêmicos e/ou que envolvam celebridades.
Como esta é uma parte complicada, não hesite em substituir aquela palavra que não se encaixa na rima por onomatopéias ou sequências silábicas sem significado próprio ou com conotações obscenas ou dúbias (Exemplo: "Pãra Pararã Pati Pã Pãpa Pararã Pati", "Crééééééééu", ou "Búfalo búfalo búfalo búfalo búfalo búfalo Bill Bill Bill"). Variedade poética é algo muito importante, portanto, nunca repita a mesma palavra mais de duzentas vezes numa só música (até duzentas vezes fica excelente.).

Observação: vale também parodiar uma música já existente, criando uma nova letra (de resposta ou não) para a mesma.



5º passo: A escolha do seu "Nome Artístico"

Eis um passo crucial. Para escolher seu nome de guerra artístico, você deve seguir as seguintes regras:

-Para meninas: Se seu nome for estranho (exemplos: Regennyellen, Bethuzza, Juvillyanna, etc.), use MC + seu próprio nome mesmo.
Se seu nome não for estranho use o nome de uma fruta ou animal (está em alta!) (exemplos: Mulheres Melancia, Moranguinho, Melão e Bananinha)
Se não quiser seguir nenhuma das opções acima use algum conto de fadas infantil para tanto (exemplo: MC Princesa e o plebeu)
Se ainda não estiver satisfeita, se vire, você não é quadrada.

-Para meninos: Se seu nome for estranho ou estrangeiro (exemplos: Frank, Uóxito, Astrogildo, etc.), use ele mesmo ou um apelidinho o mais cafona possível (exemplos: Fufu, Gigi, Cacá, etc.)
Se não quiser usar seu próprio nome como ele é, use um diminutivo (exemplos: Iguim, Rafinha, Vitim, etc.)
Se preferir outra opção use apelidos aleatórios e que as pessoas precisem te perguntar de onde vêm (exemplos: Mc Colibri, Mc Didô, Mc Koringa - palavras escritas incorretamente estão em alta e são um zuzezzo! -, etc.)



6º passo: Escolha do grupo a que se aliará.

Como bem sabemos existem grupos como o CV e o ADA (Comando Vermelho e Amigos dos Amigos, respectivamente). O modo mais fácil de escolher é observar os muros e os bancos dos ônibus que levam até lugares que você frequenta. O grupo cujo nome houver sido "grafitado" mais vezes deverá ser o escolhido. Outra opção é perguntar a um entendedor do assunto qual o grupo que predomina no seu bairro ou cidade.
A grande vantagem é que você não precisa se afiliar formalmente, podendo apenas fazer apologias e gestos referentes ao seu apoio por este grupo e/ou desprezo/desafeto por um grupo rival qualquer. Viva a paz mudial!



7º passo: O lançamento da sua música.

Atualmente, o youtube faz milagres (vide Mallu Magalhães), então é lá mesmo que você, caro leior se lançará. É simples. É só gravar sua música no computador e editar uma sequência que mescla mulheres rebolando, você se esguelando e uma platéia trepando, pra rimar promíscua. Sucesso garantido, não tem erro.



8º passo: Curtir a vida.

Para meninas: Seja fotografada com roupas quase invisíveis, curtas e, de preferência, sem calcinha. Todos os homens que têm acesso à internet terão também acesso ao seu derriére. Desta forma, você pegará muito tchutchucos. Use camisinha e não divida sua seringa com ninguém, ok?

Para meninos: Seja fotografado mostrando o dinheiro que ganhar e as coisas que comprar e publique em sites de relacionamento, de preferência no orkut. Você fará muito sucesso com as cocotas e possivelmente irá desencalhar. Use camisinha e não divida sua seringa com ninguém, ok?



9º passo: Apareça na mídia.

Você pode aparecer como convidado no programa Graffite, onde, usualmente, funkeiros vão dar uma canja de seus inestimáveis dotes artísticos. Dê entrevistas e cante em programas de TV online, podcasts (se você souber o que é um podcast) e envie material de fofocas sobre a sua vida pessoal anonimamente a sites e revistas do gênero (quanto mais boatos escandolosos sobre você, mais sucesso!). Assim, sua vida melhorará da água pro vinho, quero dizer, pro gummy.



10º passo: O fim da sua carreira.

Nada dura para sempre. Inclusive sua carreira, que difícilmente durará mais de um hit de sucesso. É a vida. O jeito é aceitar quando o sonho de ser um MC acabou e voltar à mesma vidinha de sempre.


Com isso concluímos o primeiro curso de dez passos do Instituto Tio Celso de Cultura Inútil e Afins - Unidade World Wide Web. Espero que as informações acim tenham sido úteis (é, eu sei que não foram). E desculpe pelo post gigante, mas o sucesso também tem um preço (ler isso aqui, teste do sofá, etc.). Até a próxima, buddy ;D